
Ganha o nome de Casa Balsemão por volta de 1800, quando a filha deste nobre Pereira Azevedo casa com seu primo, Luís Pinto de Sousa Coutinho, visconde de Balsemão. É este Guarda-Mor da Torre do Tombo que, lente em Filosofia, transforma a casa numa das mais ricas e completas bibliotecas do país, graças ao seu interesse e dedicação às letras. Pouco daquele valioso espólio, valha a verdade, teria o futuro assegurado: os franceses, aquando da invasão da cidade, saquearam-lhe mais de metade e, mais tarde, a sua fidelização miguelista fez com lhe fosse confiscado praticamente todo o resto. O visconde Balsemão pouco tempo sobreviveu ao desmorono da sua biblioteca.
Durante o Cerco, a casa serve de hospital, depois de arrecadação, fica vazia e velha, deteriora-se, até que António Peixe a transforma em hospedaria. Que depressa perde o fausto inicial e quase lhe determina inglório fim. O que, felizmente, não veio a acontecer. No começo da segunda metade do século XIX, a casa é vendida a José Sousa Bastos, fidalgo da Casa Real, regressado do Brasil onde aferrolhara considerável fortuna. Este é o Visconde da Trindade, e dele são as armas que, ainda hoje, encimam o frontal do Palácio do Visconde da Trindade, como passaria a ser conhecido. O palácio vive, então, anos de opulência: renovado e com belos jardins, serve de palco a sumptuosas festas e, curiosamente, é neste período que vem a nascer o Teatro Carlos Alberto (o mesmo que chega aos nossos dias associado ás recentes edições da Fantasporto). Mais tarde, já no começo do século XX serve de instalações à nova Companhia do Gás, depois os Serviços de Gás e Electricidade e à EDP. Até 1996, altura em que ali se instalam, ainda hoje, os serviços da Cultura e Turismo, da Câmara.
Se não lhe bastasse este rico historial (que muito aperrado resumo aqui se obriga), sobra-lhe uma página gloriosa de romantismo: durante parcos dias, em Abril de 1849, no tempo em que a Hospedaria do Peixe tinha todo o luxo, alambicamento e grande fama, lá esteve como hóspede, Carlos Alberto, rei da Sardenha, cuja aura de baluarte do liberalismo fez exultar toda a cidade. Doente, fraco, vencido e exilado quando chegou ao Porto, acabaria por sucumbir à tísica pouco depois. Mas para trás ficou uma história de liberdade que, recorde-se, tão cara era às gentes do Porto que ainda tinham na lembrança, de poucos anos passados, os quantos, e tantos foram, tinham morrido por ela.
Daí que, a Praça dos Ferradores, onde estava a Casa Balsemão, a Hospedaria do Peixe ou o Palácio do Visconde da Trindade, como lhe queiram chamar, a praça, dizia, hoje se chame… Praça de Carlos Alberto.
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Desaparecemos?!
Espero que não!
Fica bem.
Adorei, adorei saber maiss…obrigada por isso, e temos que defender com unhas e dentes o n/património.
Jinhos mtos
Como sempre, informação interessantíssima!
Gostei imenso de aprender todos estes factos, em grande parte desconhecidos, para mim.
Obrigada 🙂
Votos de um óptimo fim-de-semana…
Uma lição de história.
Um abraço e uma boa semana
O que eu aprendo contigo!
Obrigada pela partilha…
Abraço
Eu estou longe desse caminho.
Neste momento ando por terras de Uttar Pradesh, 26.º Estado da Índia.
Por isso e por estarmos pertíssimo do Natal, aqui vai um beijo.
Até breve.
Belo informativo o seu blog, parabéns adorei o texto.
Uma boa semana e felicidades.
Depois desta explanação, fica-me a sensação de ter viajado no tempo à procura de raizes que acabei por descobrir pela tua mão.
Obrigada, foi uma bela viagem.
Um abraço
Uma prazerosíssima aula! 🙂
Conhecer a história das nossas pedras é conhecer a história dos nossos antepassados. Obrigada.
Um importante e interessante artigo de História,para mim uma delícia a alimentar a minha paixão. Bem-haja! Boa semana.
As coisas que uma caneta de tinta permanente consegue escrever…
Sou uma acérrima defensora do Património Cultural. Ainda recentemente numa reunião de Amigos se falava da história desta casa. Gostei de a ler aqui…
Um abraço carinhoso ;))
Tantas vezes lá passei sem conhecer a atribulada e rica vivência desta Praça.
Grata pela bela narrativa e pela partilha
Muito agradecida pela bela narrativa com que nos elucida sobre a história do Casarão de Carlos Alberto, e seus antecedentes.
Assim descrita, dá mais curiosidade
em fazer uma visita.
Um bom fim de semana.
Beijos.
Gostei imenso de saber o que aqui nos contas. Amanhã será lá a nossa apresentação! Obrigada. Muitos beijos.
Obrigada por me ter feito mais conhecedora de História, que amo.
Bom fim de semana.
Obrigada pela partilha. O sabor das coisas assim contadas por ti.
(Tenho andado arredada da net mas espero voltar com tempo dentro de dias.)
Uma amizade a tantas coisas desta cidade!!! Sensível foi a ideia de nos fazeres alargar o olhar para um passado com alguma aura de trágico e belo.
Alguma coisa sabia mas assim dito e contado por ti, tem um cunho diferente.
Grata TP!
OBRIGADAAAAAAAA. Muito. Não imaginava, nem de perto, nem de longe, toda esta história…
Serviço público meu caro… Porque não faz uma proposta à tv pública? Uma rubrica curta, assim como estes seus posts…. A sério…
:))
Que bom poder ficar a saber mais sobre este edificio, como tantos outros , cheio de história e possivelmente cheio de estórias..Obrigada pela partilha..Eu não irei lá no sábado, infelizmente.. Mas foi bom ficar a conhecer..Um abraço, ell
Que boa surpresa encontrar por aqui a história da praça e palacete que tenciono visitar no próximo fim-de-semana!
Não tenho a certeza se alguma vez por lá passei, mas vou decerto mais enriquecida e, como diz a Justine, vou olhar com outros olhos…
Bem hajas!
Também agradeço. Desta história só conhecia a do nome da Praça onde tantas vezes passei. Tenho pena de não estar aí no próximo sábado…
Magnífico, T.P.! Entrarei no edifiício no próximo sábado com outra curiosidade, outros olhos e outra consciência, graças mais uma vez ao teu gosto de partilhar.
Obrigada pelo teu gesto elegante, que muito apreciei:))
Meu caro amigo isto não é História de Arte. É História e é Arte. Um abraço.
J.Brandão
É bom saber a história associada a edifícios pelos quais passamos, por vezes, indiferentes. Grata.**
obrigada pela tua tinta, pelas tuas folhas.
eu ontem rumei ao Sul