

Não é o caso (nem é único, felizmente…) da apalaçada residência, que foi da família Cunha Osório Portocarrero, construída lá pelos meios do século XVIII, no morro sobranceiro ao actual edifício da Alfândega, na margem direita do Douro. Conhecida pelo Palácio da Bandeirinha, o palacete tomou essa designação, curiosamente, porque num dos seus muretes exteriores, nesses tempos, estava instalada uma bandeira que marcava a linha de atracagem para todos os navios que aportassem ao rio: ali era o limite, que não podia ser ultrapassado, caso houvesse suspeita de peste a bordo.
Mas, para além de Palácio da Bandeirinha, outro nome o torna, porventura, mais conhecido: Palácio das Sereias. O nome vem, claro, das duas exóticas e monumentais sereias que ladeiam o portal central do Palácio. Provavelmente de origem na mitologia grega e romana, as sereias (namoradas, usando velhas expressões tripeiras), sempre ficaram associadas aos encantamentos que exerciam sobre os homens, fosse no mar fosse em terra. Ora, as sereias da Bandeirinha, há mais de dois séculos que, se não encantam, pelos menos desnorteiam a moçarada que por lá passa fora de horas. Ainda não vão assim tantos anos sobre as juras pelas alminhas que a lenda era bem verdadeira e que bem embruxada ficava a garotada que fosse ao portão espreitar as mulheres nuas. Mesmo que elas fossem feitas de pedra e com rabo de pescada…
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São belíssimas estas sereias. E o modo de aqui falares delas também.
pelos vistos, mesmo aprisionadas na pedra, as sereias não perderam o seu poder encantatório.
Há uns tempos tirei 3 dias para visitar o Porto, na companhia da minha irmã e duas primas…
Pelos vistos ficou-me este palácio encantado para trás.
Tenho de lá voltar, para sentir o sortilégio que tu transmites nesta narrativa tão completa!
Abraço
coisas que são pérolas…
sois certamente um mago de longas barbas branca e alguns séculos de existência…
tanto conhecimento que me delicia.
e já por lá passei, algumas vezes, porventura, levianamente desatento…
é bom perceber que sentes prazer em trazer-nos estas “coisas”.
Cá ficaram as sereias para nos lembrar do seus cantos 🙂
Um beijinho
Talvez a lenda venha mesmo dos Lusitanos porque eram mais dedicados ao mar do que os romanos. Mas gostei da descrição
Como eram inocentes as sereias, que os meninos espreitavam pelo portão e que os deixavam sem ceia…
Gostei, como sempre!
Ah e vi que mudaste de caneta!Desenho teu?
Um beijinho
Como as lendas me agradam…
Fique bem.
De pedra e com rabo de pescada, mas com uns belíssimos argumentos que, pelos vistos, não sucumbem ao passar do tempo. Estou a falar dos argumentos históricos, é claro!…
É à conta desse zoom que ali vejo feito, suponho que tenhas ficado sem ceia durante uns tempos, não?
Adorei!
Antigamente o País estava cheio de lendas. Desde lobisomens, bailes de bruxas em encruzilhadas até damas de pé-de-cabra, havia de tudo um pouco.
Um dia conto-lhe uma história uma destas histórias, e essa garanto-lhe é verdadeira…
Um abraço
sempre pensei que o mundo seria um mundo melhor se este tipo de criaturas existisse de facto, mas já é bom podermos vê-las na ficção.
um beijo.
Como sempre! Como sempre! Interessante, criativo, sei lá… não sei mais que adjactivos usar. Sou directa: gosto muito de aqui vir!
:))
Parabéns pelos textos e blog também.
abraços
A tua bem disposta lição de história sobre as belas especificidades do Porto obrigam-me a agendar uma viagem para breve! Quero ir espreitar essas sereias e ver o que acontece…:))
Abraço
Ó caro: quem se deita sem ceia, toda a noite rabeia!
A Escola da Bandeirinha foi a primeira escola primária onde andei…
Aquelas ruas são um encanto! As tuas memórias ainda mais.
Bjinho
” há histórias que são para os meninos dormir sem ceia” e esta é uma delas.Os miúdos e os graúdos ainda se assustam quando a negritude da noite se acentua em lugares mais ou menos ermos. Neste caso com as mitológicas sereias que com o seu melodioso canto atraíam os humanos para profundezas desconhecidas. Ainda há aleivosas que o fazem e todo o cuidado é pouco.
Saio mais rica. Como sempre!
Um abraço fraterno
Bem-hajas!
…”Toda a gente se salvou…
ai toda a gente,
só o S.Macaio não…”
e as sereias da Bandeirinha
também não se salvaram, não…
de figurar em cantinho bem perfeito
para lendas, de rosto de águas!
que podem causar alegrias…
podem causar mágoas…
mais histórias…das memórias…
e o menino…dormiu sem ceia? 😀
Beijinhos
Maravilhosas essas histórias, ou lendas, que vem nos trazendo em seu blog. E assim, ilustradas por fotos, completam-se melhor.
Um abraço.
Tinta Permanente,
Depois de 2 meses privada de net, por ter mudado de residência, aqui estou de regresso, finalmente, e venho, numa primeira visita, deixar um abraço e a promessa de voltar para ler e comentar, como é devido.
Um abraço
Meg
Mitologia à portuguesa…
Obrigado pela informação acerca do texto de astronomia.
Vou tentar remediar.
Um forte abraço.