Cantaste?, agora dança!, diz-se de quem usufruiu e gozou vantagens ou alegrias, sem pensar nas agruras do futuro.
A origem da frase está na célebre fábula A cigarra e a formiga. A propósito, Bocage reescreveu-a assim:
Tendo a cigarra em cantigas
folgado todo o Verão,
achou-se em penúria extrema
na tormenta da estação.
Não lhe restando migalha
que trincasse, a tagarela,
foi valer-se da formiga
que morava perto dela.
Rogou-lhe que lhe emprestasse,
pois tinha riqueza e brio,
Algum grão com que manter-se
té voltar o aceso Estio.
Amiga – diz a cigarra –
prometo, à fé de animal,
pagar-lhe antes de Agosto
os juros e o principal.
A formiga nunca empresta,
nunca dá, por isso junta.
No Verão em que lidavas?
à pedinte lhe pergunta.
Responde a outra: Eu cantava
noite e dia, a toda a hora.
-Oh, bravo! – tornou a formiga –
cantavas? Pois dança agora!

Eu cá nem digo nada, porque também cá cigarrei o meu quê! :-S
Deixo um abraço, pode?
PS – Bela foto!
Ele há coisas “do arco da velha”. Hoje o meu post (e não tinha lido este!) tem duas formigas…das que trabalham. Como diz acima a Maria M e a Marta, sou duma angustiosa ambivalência com esta fábula que me persegue! E só conheço forretas que trabalham pouco! Abç
Nunca concordei lá muito com a formiga…
Embora não se possa cantar sempre, a verdade é que também não se pode ser tão forreta!!!
Mas gosto muitíssimo de fábulas: no entanto, desde miuda que esta me dá muita tristeza.
Um beijo de agradecimento por me fazer recordar.
Maria Mamede
Caro(a) Amigo(a) Tinta Permanente,
Estava a “passear” entre blogues e vim aqui parar ao este seu.
Este texto da Cigarra e a Formiga, tenho a impressão de que vem de, há muito tempo atrás, muito mal contado.
Parece que só o trabalho é que é importante ou que o lazer também o seja, por exclusão da outra parte.
O que se passa é que todos temos que arranjar tempo para tudo.
Até há quem faça do cantar, do divertir (ou tentar) os outros uma profissão.
Logo há é apenas que ter discernimento para saber em que ocasião se deve cantar ou trabalhar.
Não também quem, trabalhando ouça simultaneamente música?
E ainda há quem trabalhando sinta e tenha a música dentro de si e se sinta sempre embalado.
Canta! Canta alto a melodia
Que vinda da Mãe Natureza
Te enche a alma de alegria
Espantando a vil tristeza
Trabalha também a seu tempo
Emprega nele toda a energia
Faz uma pausa sente o vento
Que tudo varre numa alquimia
Trabalha e canta se fôr o caso
Inunda todo o teu profundo SER
Que nesta vida não existe acaso
Mas apenas a capacidade de VER
Muitos parabéns pelo blogue.
Um abraço e bom fim de semana.
Isabel António
Mais uma vez os ditos animais irracionais ensinam os ditos racionais…
Bom fim-de-semana.
Olá!!
Aos dois (texto e foto) achei-os deliciosos, degustados como um manjar dos Deuses, sobre a mesa posta do Universo.
Meu agradecimento e admiração para esta “Criação”.
Peço permissão para mencionar os dois.
Kimangola
Sempre tive um sentimento ambíguo com esta fábula.
Adoro a cigarra e acho a formiga uma miserável forreta.
Adoro a formiga e acho a cigarra uma miseravel valdevinas.
Mas não é que gosto tanto de valdevinos…
Mas não é que respeito tanto quem trabalha bem como a formiga…
Ouvir cantar faz bem à alma de quem
pode usufruir desse benefício.Abençoada cigarra que, sem cachet, alegrava o trabalho da formiguita.
Quanto a ti, meu caro amigo, num momento em que me preparo para trabalhar, agradeço-te o novo post.
Beijinhos