Este era um vocábulo usado na gíria, muito comum nos meados do século passado, especialmente nos locais de má fama, que designava o acto de extorquir dinheiro de forma ardilosa ou por meio fraudulento.
Fulano deu hoje uma sangria ao pai; arrancou-lhe duas notas de cem. Ou seja: numa apropriação eufemística e satírica do correcto significado do termo, tirou-lhe um pouco de sangue, fez-lhe uma sangria.
Pedro Vidoeira, no seu livro Ambições de Cortesã, tem uma ilustração perfeita da gíria neste diálogo:
(…) Deixa lá! O ‘urso’ não vem, mas venho eu no seu lugar…
– Não pega, não insistas! Quero cá o ‘urso’ hoje, porque preciso dele para lhe fazer uma sangria…
– Uma sangria? Mas porquê?…
– Vi ontem, na rua do Ouro, uns brincos de brilhantes muito catitas e hei-de ir amanhã ao Ginásio com eles. (…)
(ver sangria desatada)

que um vestido de Bragança)
a mãe da minha Humana usava muito a expressão: “também, não é nenhuma sangria desatada”; mas este sentido da expressão “fazer uma sangria”, desconhecia-o.
marradinhas aos seus felinos
eu gosto de sangria… mas não desta!
abraço e obrigada pelos ensinamentos.
luísa
às vezes, diz-se, uma sangria desatada… é mais intensa ainda!!!
(mas não é de beber!!!)
beijinhos
Em Portugal jorram rios de “sangrias” destas..
“…que designava o acto de extorquir dinheiro de forma ardilosa ou por meio fraudulento.”
Gosto da bebida em si, especialmente quando feita em casa com todos os “preparos”… esta que aqui designas, infelizmente é muito conhecida, talvez com outro nome e há muito quem dela também viva neste mundo de aparato…
Grata pela partilha 🙂
Por favor pode deslocar-se ao Sexta? Muito obrigada.
Um abraço amigo
o título enganou-me…
eu a pensar que vinah saber uma receita nova…
bjs e bom domingo
Não conhecia. Conhecia a Sangria, bebida, e a Sangria do porco, de quando em pequena meu pai matava o porco e era uma sangria desatada, como ele costumava dizer.
Um abraço e bom fim de semana
Na minha terra, sangria, era uma “técnica médica” que usava sanguessugas, e que servia para aliviar muitos males!….
;))
Deliciosa, a ilustração que escolheste para a tua lição de hoje:))
(e não queres explicar a origem da frase em baixo, em amarelo?”…mais brando que um vestido de Bragança” ??
Abraço
Fizeste-me lembrar o caso de um ministro daqui nos anos 70, que foi a uma casa de meninas e foi bem sangrado, uma carteira cheia de notas…
No dia seguinte foi fazer queixa à polícia e como resultado perdeu o posto!!!
Acho que ficou exangue!
Sempre um prazer vir aqui aprender contigo!
Beijinho
Nem imaginava tal significado para “sangria”.
Belíssima a ilustração
Fica bem
uma agradável surpresa aprender consigo. gosto de sangria, sobretudo agora no verão 🙂 mas desconhecia este vocábulo com o significado que aqui nos explica. a língua portuguesa é deveras curiosa! beijinhos.
Subscrevo o que diz a Paula Raposo!
Adoro sangria, mas nunca fiz…
Abraço
Não sabia. Gosto da outra, da sangria que se bebe…mas gostei de saber mais alguma coisa. Beijos.
Já conhecia o termo mas gostei muito de ler este texto e de constatar que os ursos eram sangrados com cortesia por certas aves de rapina.
Bem-hajas, amigo!
Que a vida te vá correndo cada vez melhor.
Um abraço fraterno
Já tinha eu aqui deixado uma rima
para falar nesta sangria
mas o meu pc foi ao ar
e a rima fez-lhe companhia.
Deixo só dito então
que de sangria só conhecia
a bebida, pois então!
E aquele ditado
“não é sangria desatada”
quando se pode ir devagar
sendo que a pressa, pode esperar!
Agora sobre o “canto” aqui ao lado
aquele eterno louco mal falado
não façam pouco…é escusado
bate à porta, sem ser convidado!
Aquela sangria da ilustração
huumm…um xaropezinho inventado
vinha mesmo a calhar
pra afastar e não deixar
bichinhos sangrando pelo chão.
(afeição sem coração, com patinhas de algoodão…essa do vestido de Bragança, não existia na lembrança…gostei do ditado…muito bem amanhado!)
Beijinhos
Epa, um dos piores cenários das relações entre as gentes: o interesseirismo! Lembrando o que a minha avó materna dizia: “a ladroage”! 🙂
Não conhecia a expressão. De sangria (para além da bebida, uma delícia), apenas aquela da “sangria desatada”, por alusão a um sangramento que, solto do nó ou do garrote, se torna descontrolado, exigindo cuidados imediatos para que a vítima se não esvaia; e que usamos quando nos queremos referir a algo que é urgente.
Ora, urgente é que deixem de haver ambições de cortesã (e de cortesãos) a fazer dos outros ursos. Mas ainda muito sangue há-de correr…! 🙂