
O jantar romano foi, quase sempre, frugal, e à sexta hora do dia (o nosso meio-dia). A ceia, da nona à décima hora, era geralmente dividida em três serviços distintos. No intervalo de cada um, especialmente entre o segundo e o terceiro, o dono da casa distribuía os seus presentes. A dada altura, o hábito, de modo a que não fosse melindrar qualquer dos convivas, tornou-se uma distribuição do acaso: escolhiam-se as oferendas e, agrupadas em lotes que numeravam, tirava-se à sorte o contemplado por cada um.
Os imperadores, nos banquetes, também distribuíam as suas lotarias. Heliogábalo, entre outros, comprazia-se a compor, pessoalmente, os lotes que iria sortear nos banquetes: parelhas de cavalos, libras (peso) de ouro, sedas, chumbo, pavões, eram elementos vulgares nos lotes dos festins romanos.
Para com o povo, as lotarias eram consideradas munificências dos imperadores: estes, quando queriam gratificar o povo, atiravam dinheiro para a multidão, ou pequenas esferas sobre as quais era inscrito um número alusivo a um lote que poderiam resgatar no palácio. Os que as apanhavam, apresentavam-se no dia seguinte na anunciada dependência do palácio onde iam receber os lotes, às vezes compostos por títulos de doação de propriedades.
Os jogos de Nero, por exemplo, terminavam sempre com lotarias: lotes de trigo, vinho, ouro, prata, pedras preciosas, quadros, escravos, cavalos, barcos, casas, terras, eram coisas comuns nos lotes, largamente referenciadas na época.
Os romanos levaram os lotes, as lotarias a todos os cantos do seu império. E, os outros povos, assimilaram o uso, adaptaram-no, converteram-no e preservaram-no ao longo dos séculos.
Daí surgiu a rifa, o sorteio, o bicho, o vigésimo, a tômbola, a roda, o bingo, o fura, a lotaria, o totobola, o totoloto, euromilhões e a raspadinha.
Mas não é a mesma coisa!…
(Uns comem os figos, a outros rebenta-lhes os beiços)
Bem…vir aqui e ler-te é um manancial de informações que me deixa sem fala! Da lotaria não sabia nadinha, dos santos – são como os fracos – não reza (a minha) história. Se bem que a andarilhar corro as capelinhas todas. Sem mais arenguices, oito escudos era muito dinheiro na altura, ouvi dizer depois, que em 49 tinha um aninho.
Abraços TP
Não inventou, mas deu um jeito…
Abraço,
jorge
percebi, claro…
Não tem nada a agradecer, amiga Olinda. É, sim, gratificante, para mim.
Abraço,
jorge
Essa de ‘aula’ é um dos teus simpáticos exageros!…
Abraço,
jorge
O vigésimo, ao que sei não foi premiado, era uma velha recordação familiar.
Serviu, enfim, para ilustrar a… lotaria.
Abraço
jorge
Espero que tenha sido uma boa aposta!…
Abraço.
jorge
Afinal a Santa Casa não inventou nada!
Tirando a piada, gostei de saber de onde vem a esperança de tanta gente…
Abraço amigo Jorge.
…fiquei a saber…
Uma bela lição de História. Ao mesmo tempo fiquei das origens da lotaria e tudo o resto.
Obrigada, meu amigo.
Abraço
Olinda
Assim, pela tua ‘pena’ somos conduzidos através dos tempos a uma aula do porquê das coisas!
Gostei muito.
Um grande abraço.
Como nunca é tarde para adquirir conhecimento, ficou mais esta lição acerca da lotaria. Muito interessante para mim nesta postagem é o ano do vigésimo (1949). Mais fácil que acertar no número premiado, não será difícil adivinhar porquê!…
Abraço
Duas coisas: aprendi esta curiosa lição e comprei o 2924.
Abraço