Durante séculos (até às uns poucos minutos atrás, passe a metáfora) a única tecnologia disponível para nos servir em momentos de grande aperto era a boa capacidade dos pulmões que nos permitisse fazer ouvir o mais longe possível o grito ó da guarda, quem me acuda!…
A origem da locução, provavelmente, andará por aqui:
(…) Depois de deitados fora os mouros de Hespanhas, edificou a Cidade da Guarda El-Rei Dom Sancho I em um alto monte que de antes, em tempos de guerras, tinha hua torre que seruia de attalaya a que chamauão guarda, e daqui tomou a Cidade o nome.(…)
É assim que Belchior Pina da Fonseca, em Chronologia dos Bispos da Guarda, explica a origem do nome desta cidade, numa opinião partilhada por diversos autores e que, aliás, ninguém parece contestar. Escrevendo, no século XVII, sobre a Guarda, Fernando da Soledade considerava-a mesmo a chave do Reino, pois, justificava, era decisiva na defesa do território nacional.
E tanto, sublinhe-se, que a tradição popular garante mesmo que, uma vez, um mouro, ao tocar com a mão na porta da cidade, ficou com o braço todo seco.
Na Guarda, recorda ainda Fernando da Soledade, existia uma torre chamada da guarda (hoje, Torre Velha), cuja função principal era guardar a região dos assaltos ordinários dos mouros. Daí, conclui, o nome da cidade e o seu ajustamento à sua função primordial. Ó da Guarda, será?…
Fica, ainda, a curiosidade para quem não sabe: esta é a cidade dos cinco efes: Forte, devido à torre e às muralhas, Farta, pela riqueza do seu vale, Fria, pela cercania à Serra da Estrela, Fiel, porque nunca se entregou em qualquer peleja e Formosa, pela sua inigualável beleza natural.
Guarda, simpatiquísima ciudad de la Lusitania Interior
Que bem sabe esta tua história com estórias.
Um beijo
Lembrar a Guarda e “ó da guarda”. Gostei mesmo!
Conheço a Guarda e é uma daquelas cidades que têm uma alma muito própria. Envolta, para mim, em especiais recordações…
Obrigada! 🙂
Só uma vez, de passagem, na Guarda tão fria e fermosa … e mais um laço teu, a unir a ideia e a tecer a teia.
Bjs
Belíssimo registo, a honrar a cidade que representa, e mais esta oferta tua , a trazer-nos à memória saberes esquecidos.
P.S.: houve bons ventos à ida e à volta, obrigada 🙂
E eu, que gosto tanto da Guarda, fiquei ainda a gostar mais.
Adorei a foto.
Uma interessante lição de História, dada como quem conta uma história, que tão bem sabes contar!
nem poderia ser mais literal…!
– ó da guarda!
beijO
Realmente não fazia ideia de onde vinha esta expressão já quase não usada. Mas pelos caminhos que as “coisas” vão, acho que ainda vamos precisar de a gritar… quem sabe!
Adoro estes teus temas.
Um abraço
Invejo-te, rendadebilros…..
Adoro a Guarda, já lá passei umas temporadas, conheço muito bem esta rua… esta casa……
… enfim, gosto de me passear por lá…
Obrigada, TP
E apetecia-me passar por debaixo dessa porta dos ferreiros! 🙂
Hola
Eu sempre pensei que esa expresao, tinha alguma coisa que ver con o anjo da guarda.
Interesante.
Beijos desde Vigo
Eu por aí ando: quase todos os dias passo junto a essa porta…
Um abraço.