Para os lados de Préstimo, a uma mão cheia de quilómetros de Águeda, o rio Alfusqueiro, aqui e além com trechos de boa profundidade, esgueira-se entre ravinas, de vegetação bem cerrada e sombria, cantando sonoras melodias, apertado pela penedia e habituado ao duro leito de pedra solta e areia bordejeira e grossa.
Conta o povo que por ali, meia escondida, apareceu uma ponte de soberba e sólida cantaria para melhor fazer a difícil ligação entre as margens. Os cristãos, que olhavam com desconfiança a outra margem, não acreditaram que tal ponte, surgida do nada, fosse obra de piedosos fiéis. E, é bom de ver, deitaram as culpas ao Diabo. Este, dizia-se, teria combinado com um fidalgo da povoação cristã, em paga de um arranjo que teria sido feito numa noite de Natal, pertencer-lhe a alma do primeiro cristão que por lá passasse até ao cantar do galo. E que, o tal fidalgo, assinara o trato com o seu próprio sangue, a assegurar que assim seria. Ora, como se isso acabasse descoberto, angustiavam-se as gentes do povoado, à medida que o tempo passava.
Até que surge a Boa Fada: ‘Tomem lá este ovo. – disse ela – Vigiem bem a ponte! Logo que o Diabo apareça sobre a primeira pedra, lancem o ovo pela ponte fora!...’
– ensinou a Boa Fada.
Assim fizeram os homens mais afoitos do povoado, escondidos nas sebes, mal avistaram o demo, sorrateiro, a chegar-se à ponte. O ovo, ao rolar pelo meio da ponte, transformou-se em galo e logo se pôs a cantar tão alvoraçado, que assustou o Diabo de tal modo que se escapuliu pela noite escura, parece, a preparar perfídias e vinganças.
Mas, já preparados, um bom magote de cristãos saltaram para o caminho, correram, e lestos se apressaram a benzer a ponte…
E, nesse seguro, lá fui fotografar a ponte.

APC
E bem linda é a ponte e as margens, na chegança do rio às suas bandas. É uma visita bem merecida, acredita!
abraços!
Bartolomeu
Muito mais que garantidas por engenheiros!…
(mesmo os encartados à semana…)
abraços!
Arménia Baptista
Vale a pena a visita, vale!…
abraços!
Baila sem peso
Ai não que não vingou! É vê-la, ali, sólida como uma rocha!…
abraços!
gaivota
Às vezes não há benzedura que chegue, mas tentar não custa…
abraços!
Justine
Pois é: ao menos nas lendas…
Poder ser que, um dia…
abraços!
MagyMay
Como dizia, aqui em cima à Justine, pode ser, pode ser que um dia…
abraços!
Berro d'Água
Agradeço e… volta sempre!
abraços!
e aos outros passantes
a Boa Fada vos proteja!
tintapermanente
Cheguei até aqui através da Teresa e gostei muito de teu espaço, tanto quanto gostei de teu facebook.
Parabéns!!!
Com um abraço,
Cris
O Diabo saiu de rabinho entre as pernas, como sempre nós os Cristãos podemos estar descansados… mas isto é nas historinhas.
Abraço
E assim, mais uma vez, as forças do Bem venceram as do Mal! Pena que isto só aconteça nas lendas…
(a história, como sempre esplendidamente contada)
Um abraço
há que benzer… pontes, ovos, páscoas, povo, tudo!
para que a força se mantenha de pé em todas as frentes…
com e sem diabos!
beijinhos
Linda a queda da água
no meio de vegetação!
Uma ponte segredava
o Ovo que lhe habitava
o seio da condição…
A Fada lá ganhou a questão
ensinando o povo cristão
contra diabo que fugiu de galo
ao ver tal aparição! 🙂
Será que se vingou?
huummm…vou ficando com dúvidas…
entretanto ouvindo o Malhão do Mar
onde essas águas vão parar 🙂
E sobre a amarelinha
entre o diabo e os fidalgos
então os nós, ficam salvos!? 🙂
beijo um pouquito enroscadito 🙂
…Gosto muito de pontes…E esta com uma história assim, aumenta o meu interesse. Não a conheço, mas fiquei com muita curiosidade de lá ir espreitar…
😉
E assim se tornam as pontes seguras e fiáveis…
;)))
Eheheheh… Tal e qual como as crianças, que brincam imaginando uma figura malvada que é preciso combater. Não fosse assim, como é que se entretinham? 🙂
Gostei da história, e de como com ela camuflaste um ovo de Páscoa; e muito, mas muito, dessa misteriosa ponte (grande imagem!) unindo "ravinas, de vegetação bem cerrada e sombria".
Fica um abraço, de ponte.