
(…) Rebolos pela areia! Ó praia da Memória! Onde o Sr. Dom Pedro, Rei soldado,
atracou, diz a História,no dia… não estou lembrado (…)
Assim escreveu António Nobre, no seu Lusitânia no Bairro Latino referindo-se ao desembarque de D. Pedro IV, vindo dos Açores. Ao cabo de dez dias de viagem, a 8 de Julho de 1832, o rei e mais uns 7500 soldados, desembarcam na praia da Memória. Praia de Pampelido também ou, se quisermos ser mais precisos e recorrendo a uma crónica da época ‘(…) era Domingo e o céu estava azul sem que qualquer nuvem o toldasse. O desembarque fez-se na pequena enseada que serve de porto de abrigo a uns quantos pescadores das redondezas e que, por via de episódios antigos de pirataria, dão aquele lugar o nome de Porto dos Ladrões. Nos primeiros alvores da manhã, o estandarte real, azul e branco, é içado no mastro mais alto da nau Rainha e Portugal, onde viajava o Rei. Logo os outros barcos da armada saudaram o pendão real com salvas de tiros. Pelo começo da tarde as tropas começaram a saltar para o areal e de imediato ali foi cravado um mastro com a bandeira azul e branca que as senhoras do Faial haviam bordado e oferecido a D. Pedro. Exactamente nesse mesmo local, oito anos mais tarde, seria erguido o obelisco da Memória desse acontecimento (…)’.
No dia do desembarque as tropas liberais pernoitaram por ali, nas redondezas de Perafita, em Pedras Rubras. O jornal O Panorama tempos depois, conta um episódio curioso, que porventura ocorreu nesse dia, ao entardecer. A história teria como cenário uma taberna local. E diz o jornalista, usando a descrição do próprio criado da taberna: ‘… já era quase noite quando entrou por aqui adentro um militar de barbas grandes e perguntou-me se tínhamos alguma coisa para a sua ceia. Logo lhe respondi, temos sim, patrão, temos o peixe dos três efes! E c’um raio vem a ser isso?, perguntou ele. É faneca, fresca, frita!, respondi-lhe eu a rir. O tropa olhou-me com cara de quem não percebeu nada do que lhe disse e pediu, também, que lhe fizesse uma xícara de café. Lá comeu as fanecas, bebeu o café e meteu a mão ao bolso para pagar a ceia. Parou, ficou quedo por uns instantes e, antão, desrepente, desatou a rir e me disse que acrescentasse outro efe ao peixe. Um efe de fiado, porque ele não trazia dinheiro para pagar…’.
O jornalista acrescenta que o tal soldado voltou no dia seguinte e perguntou ao rapaz se ele era da família do dono da taberna. Como o rapaz lhe tivesse respondido que não, mas que era quase, pois estava para casar com a filha do taberneiro, o soldado então disse-lhe ‘eu não levo tenção de voltar para trás, por isso aqui tens para comprares uns brincos à tua noiva’. E pousando-lhe duas peças de ouro na mão, D. Pedro IV (pois era ele o soldado desta espirituosa história), logo a seguir montou o cavalo e se colocou à frente das tropas a caminho do Porto.
No dia do desembarque as tropas liberais pernoitaram por ali, nas redondezas de Perafita, em Pedras Rubras. O jornal O Panorama tempos depois, conta um episódio curioso, que porventura ocorreu nesse dia, ao entardecer. A história teria como cenário uma taberna local. E diz o jornalista, usando a descrição do próprio criado da taberna: ‘… já era quase noite quando entrou por aqui adentro um militar de barbas grandes e perguntou-me se tínhamos alguma coisa para a sua ceia. Logo lhe respondi, temos sim, patrão, temos o peixe dos três efes! E c’um raio vem a ser isso?, perguntou ele. É faneca, fresca, frita!, respondi-lhe eu a rir. O tropa olhou-me com cara de quem não percebeu nada do que lhe disse e pediu, também, que lhe fizesse uma xícara de café. Lá comeu as fanecas, bebeu o café e meteu a mão ao bolso para pagar a ceia. Parou, ficou quedo por uns instantes e, antão, desrepente, desatou a rir e me disse que acrescentasse outro efe ao peixe. Um efe de fiado, porque ele não trazia dinheiro para pagar…’.
O jornalista acrescenta que o tal soldado voltou no dia seguinte e perguntou ao rapaz se ele era da família do dono da taberna. Como o rapaz lhe tivesse respondido que não, mas que era quase, pois estava para casar com a filha do taberneiro, o soldado então disse-lhe ‘eu não levo tenção de voltar para trás, por isso aqui tens para comprares uns brincos à tua noiva’. E pousando-lhe duas peças de ouro na mão, D. Pedro IV (pois era ele o soldado desta espirituosa história), logo a seguir montou o cavalo e se colocou à frente das tropas a caminho do Porto.

(o peixe deve nadar três vezes: em água, em azeite e em vinho)
É bom saber sempre mais alguma coisa quando venho aqui. Também não sabia que o peixe deve nadar 3 vezes. Beijinhos.
Mal sabia D. Pedro O IV de portugal, 10 anos antes, quando nas margens do Ipiranga bradou “Independência ou morte”, que viria a falecer 2 anos depois de entregar ao aprendiz de taberneiro as duas paças de ouro para comprar os brincos à noiva.
A propósito… esse par de brincos, se ainda existirem, valerão uma fortuna!?
Que tal promover-se a caça ao tesouro!?
😉
Fico com a sensação que tivemos reis muito interessantes: um, comia fanecas fritas e outro, ouvia fado, embuçado! 🙂
Beijos
tens sempre histórias tão giras…
bjs e boa semana
não sabia nada destes jantares… e o peixe nadando em água, azeite e vinho, acho bem!
boa conclusão!
bom fim de semana
beijinhos
E posso juntar um “f” de frigorífico?
É que os “carapaus de bigode” das longínquas terras de Madagascar assim o exigem!
Maria
PS. O outro “f” é de felicidade – por tudo quanto crias. Sei que te parece ridículo, mas o mundo é bem melhor assim! Bem hajas pelo que o enriqueces.
É um prazer ler os teus textos. Desconhecia esta história de D. Pedro IV que ao Porto deu o seu coração. Um bom soldado!
Abraços
Um retrato curioso do Rei D.Pedro! E de repente fiquei con vontade de comer peixe frito:))
um verdadeiro rei não poderia ter agido de outra forma, com franqueza e humildade, ao mesmo tempo que fazia coisas extraordinárias. gostei muito de ler. junto outro “f” de fabuloso! beijinho grande. bom fim de semana.
que história curiosa!
A bondade cantada em lenda
de um Rei vestido de soldado
E a chamarrita que se recomenda
num cantar da vida, bem falado
Fiz caldeirada sábado passado
para comemorar meu aniversário
e cumpri à regra da água pescado
azeite e vinho, peixinho lendário!
Obrigada pelo conhecimento
Que sempre trás novo alento
As quadras no obelisco em cima
Enriquecem a lenda na rima 🙂
Gostei como sempre
e agora com mais uns efes…
que já conhecia três
de outros contos era uma vezSorriso, amizade e bom peixinho
a nadar no beijo do meu carinho
Grande D.Pedro, pena ter acabado tão cedo…
Bela a narração.
😉
Fresh Fried Fish, portantus! 🙂
Um conto de passagens e bondades que bem merece a Memória. E esse céu azul sem núvens que o_beliscassem.
A quadra de Nobre, tão bem!
E as três águas também! 🙂
A história não deixará cair no esquecimento estes episódios tão engraçados.
beijinhos
– “Domingo e o céu estava azul sem que qualquer nuvem o toldasse” …começou por aqui o meu brilhozinho nos olhos
– Depois com um texto assim, ternurento e de encantos…diria “antão, desrepente” que.. Gostava de ter estado lá…n(est)a história!!!
Realmente, uma delicia esses seus escritos. Aprende-se distrai-se, tudo a um só tempo.
Divertes e instruis…
Uma delícia!
Adoro fanecas fritas! :-))
Abraço
Que delícia! Nem tenho mais palavras.
Um gosto enorme passar por aqui!
:))