A origem desta popular locução está bem descrita em Bâtons Rompus, de Marianne Maurer, uma colectânea destinada ao ensino da língua francesa e que contém uma curiosa explicação para a expressão. A léria é, mais ou menos, assim:
Augusto, vitorioso numa guerra, regressado a Roma, recebe no seu palácio um homem com um papagaio ensinado. Dizia o bicho: Salve, César Invicto! O imperador, encantado, comprou-o por alto preço. Logo apareceu outro homem, agora com uma pega, que igualmente falava: Salve, Augusto, vencedor glorioso! Claro que também a pega foi comprada por boa maquia.
Então, um sapateiro quis ensinar coisa parecida a um corvo. Mas a empreitada tornou-se um fiasco; o corvo não ia lá de modo nenhum! E o sapateiro, com tamanhas dificuldades, queixava-se a toda a hora: Não adianta! Estou a perder o meu tempo e o meu latim! Porém, tanto perseverou que por fim o corvo lá aprendeu umas palavritas lisonjeiras. E foi, o sapateiro, lesto, ao palácio. O corvo grulhou umas sílabas, mas o Imperador não estava nos melhores dias: Chega de tanta adulação! Não compro mais pássaro algum!… Naquele instante, recordando subitamente as palavras vezes sem conta repetidas pelo desanimado sapateiro, o corvo gritou: Não adianta! Estou a perder o meu tempo e o meu latim! Augusto riu e comprou o corvo por um preço bem maior do que havia pagado pelas outras aves…

A poesia que o meu Avô me ensinou também tem o mesmo sentido de "Gastar tempo e latim":
Do alto pregar um sermão
E lavar a cabeça a burros
É perder o sabão!
Saudações
É assim que alguns ficam com reputação!
🙂
Que história gira. As coisas que nos contas!
Se eu fosse o Augusto, também comprava o corvo!!!
Não só pelo dito, como pela esperteza do dono.
Um abraço
PS.:-como sempre, uma lição tão magistral quanto simples!
Obrigada.
Maria Mamede
o que eu gosto nesta história que tão bem contas, é o humor aquele “riu” do Augusto Imperador
Rissssssss. Depois gasto o “meu latim”.
Nec semper lilia florente (lat) (nem sempre os lírios florescem) isto é: nem sempre as coisas nos correm como desejamos..
Beijo
Paulo
Mudei a cena… que me dizes?
Sempre a mesma entrada… lá dentro a primavera anda, às vezes meio triste, mas vá.
Piquei. Fui
excelente blog! parabéns
Visitando o teu blog e,sem adulação, não há necessidade de usar tamanha expressão. (rimei sem querer, serei estúpida sem saber?)
Boa noite ao alóctone, como eu, que tanto me ensina.
e obrigada pelo convite, eu já cá tinha estado. não sabia que era preciso convite e fui entrando, petiscando e deixando a minha marcada
não conhecia a perda de tempo, apenas a do latim.
na realidade o latim não escapa ao tempo e o tempo não escapa ao latim.
obrigada pela visita
Aqui está um lugar onde não perco o tempo nem o latim… estou sempre a aprender.
Obrigada pelas palavras gentis semeadas na nossa casablog e, já agora… ele é um príncipe!
Mais uma história para a minha colecção. Graças a ti e a outros amigos, consigo ir aumentando o meu repertório de histórias engraçadas para contar aos meus netos. Um beijinho
…e que tu não o percas, para nos dares estas explicações “saborosas”…
Achei o máximo a história!
ai os humores imperiais…
e enfim…está (re)vista a importância da originalidade.
mesmo quando acidental…
por isso mesmo, bela história!!!
beijO 🙂
Mesmo os imperadores se fartam dos aduladores. Muito interessante a história.
Abraço amigo.
P.S. Também estou com problemas sérios com ADSL.
Tudo tem um preço.
A sincera ingenuidade é sempre acompanhada de muita informação útil.
Na formação do preço a pagar pela informação do que os subditos realmente pensam, está essa aparente exorbitância…
(Já aos tridores nem Roma, nem ninguém, alguma vez pagou!)
Um abraço
Conclusão da história (que eu também nunca tinha ouvido):
Ser politicamente incorrecto traz custos ou recompensas conforme a inteligência do imperador”.
🙂
Desconhecia por completo esta “estória” da história. Interessantíssima e arrancou-me um sorriso.
Bom fim-de-semana e obrigada pela partilha