
(…) Rebolos pela areia! Ó praia da Memória! Onde o Sr. Dom Pedro, Rei soldado,
atracou, diz a História,no dia… não estou lembrado (…)
No dia do desembarque as tropas liberais pernoitaram por ali, nas redondezas de Perafita, em Pedras Rubras. O jornal O Panorama tempos depois, conta um episódio curioso, que porventura ocorreu nesse dia, ao entardecer. A história teria como cenário uma taberna local. E diz o jornalista, usando a descrição do próprio criado da taberna: ‘… já era quase noite quando entrou por aqui adentro um militar de barbas grandes e perguntou-me se tínhamos alguma coisa para a sua ceia. Logo lhe respondi, temos sim, patrão, temos o peixe dos três efes! E c’um raio vem a ser isso?, perguntou ele. É faneca, fresca, frita!, respondi-lhe eu a rir. O tropa olhou-me com cara de quem não percebeu nada do que lhe disse e pediu, também, que lhe fizesse uma xícara de café. Lá comeu as fanecas, bebeu o café e meteu a mão ao bolso para pagar a ceia. Parou, ficou quedo por uns instantes e, antão, desrepente, desatou a rir e me disse que acrescentasse outro efe ao peixe. Um efe de fiado, porque ele não trazia dinheiro para pagar…’.
O jornalista acrescenta que o tal soldado voltou no dia seguinte e perguntou ao rapaz se ele era da família do dono da taberna. Como o rapaz lhe tivesse respondido que não, mas que era quase, pois estava para casar com a filha do taberneiro, o soldado então disse-lhe ‘eu não levo tenção de voltar para trás, por isso aqui tens para comprares uns brincos à tua noiva’. E pousando-lhe duas peças de ouro na mão, D. Pedro IV (pois era ele o soldado desta espirituosa história), logo a seguir montou o cavalo e se colocou à frente das tropas a caminho do Porto.

(o peixe deve nadar três vezes: em água, em azeite e em vinho)