
Na China e no Japão, as casinhas de grilos (normalmente uma caixinha de madeira ou bambu, provida de rede fina mais um poucochinho de areia no chão, uma ou outra pedrinha, aí estava a casa ideal para um ou dois desses simpáticos insectos) são coisa muito popular e de grande agrado nas famílias. Os idosos, os doentes e os inválidos, com pouco esforço, podem ouvir aquele conjunto de cordas que toca todo o dia, especialmente pela manhã e pelo entardecer.
Umas pequenas migalhas de pão, uma mica de alface são quanto baste para mantê-los. Dizem, mais modernamente, que um biscoitinho de cão deixará os pequenos tocadores satisfeitos durante meses.
O costume dessas casinhas de grilos também existe em Portugal (se bem que hoje rareiam os seus mais dilectos apreciadores; as crianças já não se perdem com essas antigas minudências…), e crê-se que a novidade chegou, provavelmente nos começos dos séculos XVI, vinda nas naus regressadas do rio da Pérola.
Grilinho sai, sai
À tua portinha
Que andam as cobras
Na tua hortinha.
Nos alvores da Primavera, esta era uma das cantilenas minhotas que davam fezada e jeito à palhinha ao catar o pequeno e arredondado buraco do grilo, disfarçado na terra.
Cri cri, porventura a apropriação diminutiva do nome do bicho (cricket, em inglês), numa repetição cacofónica para criança, dizem uns (curiosamente, o grilo – grillus, do latim, da família dos gafanhotos – embora espalhados por toda a Europa Ocidental, raramente são observados na Inglaterra).
Outro-tanto será, na ideia brincalhona de muita gente que assegura ter origem na onomatopeia (cri cri) que é (era, era…), simplesmente, a temática das conversas femininas: crianças e criadas.
