A bem dizer, esta parémia, se aparentemente em desuso, nunca teve, me parece, tanto sentido como nos dias que correm. Adaptada às circunstâncias actuais, ela equivale a dizer-se ter dinheiro para (sobre)viver…
Noutros tempos, os alfinetes eram adorno das mulheres e daí que, então, a frase significasse o dinheiro poupado para a sua compra. Isto porque os alfinetes eram um produto caro. Os anos passaram e eles tornaram-se utensílios, já não apenas de enfeite, mas utilitários, acessíveis e precisos.
Todavia a expressão, inclusive, chegou a ser utilizada em textos legais. Por exemplo, o Código Civil Português, aprovado por Carta de Lei de Julho de 1867, por D. Luís, dito da autoria do Visconde de Seabra, vigente em grande parte até ao Código Civil actual, incluía um artigo, o 1104, que dizia, textualmente: A mulher não pode privar o marido, por convenção antenupcial, da administração dos bens do casal; mas pode reservar para si o direito de receber, a título de alfinetes, uma parte dos rendimentos dos seus bens, e dispor dela livremente, contando que não exceda a terça dos ditos rendimentos líquidos.
Quem diria!…

Eheheheh. Não pode privar o marido de administrar o que é dos dois, mas pode tomar para si parte do que é dele… Uma mão lava a outra, num tempo em que as mãos não eram tão parecidas como hoje são. Gostei imenso! 🙂
“não pode privar o marido…” será um título de alfinete o mesmo, que uma acção do próprio? eheh
😀 Quem diria!
Curiosíssimo este excerto do Código Civil.
As coisas que se aprendem aqui!
Obrigada e um abraço
1/3 , não é mau de todo 🙂
Conheço a expressão e ainda é usada por muita gente das minhas relações. Curiosamente , na sua grande maioria, mulheres. Os alfinetes hoje são outros mas nem por isso menos importantes !
Um beijinho
Muito interessante este facto e ainda mais interessante relembrá-lo.
De lá para cá, a mulher já não se contenta com alfinetes, até porque é também (quando não é a única) “cabeça de casal”. Por outro lado, talvez nesses outros tempos, os seus “alfinetes” fossem bem mais brilhantes do que as “jóias” que adquire hoje.
A sua recolha e elucidação de expressões como esta é um bem que enriquece a blogosfera. 🙂
Bom fim-de-semana!
Não se usam? Ai não que não usam, basta dar uma volta aqui pela aldeia!
“Exceder”??? As mulheres??? Desculpem, mas não podia deixar passar…
interessante e curioso…
alfinetes…quem diria então que as mulheres um dia iriam “exceder” tanto…!:)
Nem a expressão nem os alfinetes se usam mais!:D
Gostei,
Abraço!
Mais um texto interessante, com uma história interessante.E o que nós evoluímos, desde 1867…
É sempre uma surpresa agradável, o que se lê no teu blog.
P.S.: convite: queres dizer alguma coisa sobre a expressão “fazer-se ao piso”? Tem mesmo a ver com a mafia italiana e a reportagem que saíu esta semana no Expresso?
abraço