‘Vasco Nuñez de Balboa era um navegador decidido e na sua ideia de descobrir passagem para o mar do Sul propôs-se congraçar o ânimo desavindo de El-Rei.(…) Os nossos cento e noventa espanhóis e alguns indígenas avançaram então à força de braços e facas, por montes e serras e rios. Balboa chegou enfim a Cuareca, e Torecha, o senhor das terras, saiu-lhe ao encontro com muita gente armada, pronto a defender-se daqueles estrangeiros barbudos. Como ouvisse dizer que eram cristãos e que vinham de Espanha e que andavam pregando a nova religião e buscando ouro e que iam para o mar do Sul, mandou dizer-lhes que voltassem para trás. E como os espanhóis insistissem, pelejou animosamente. Mas ao cabo da luta morreu com mais seiscentos dos seus. E os outros fugiram pensando que as escopetas eram trovões e raios as balas: espantados de verem tantos mortos em tão pouco tempo. Deixou Balboa, ali em Cuareca, os enfermos e os cansados e com sessenta e sete que estavam de boa saúde subiu a uma grande serra de cujo cimo se descobre o mar austral, ao que diziam os guias. Pouco antes de chegar ao cimo mandou parar o esquadrão e trepou o resto sozinho. Olhou para sul, viu o mar, pôs os joelhos em terra e louvou o Senhor, que lhe fez uma tal mercê. Chamou, então, os companheiros, mostrou-lhes o mar e disse-lhes ‘Vedes ali, amigos, o que tanto procurávamos? Oremos para que o Senhor nos ajude a conquistar esta terra e este novo mar que acabamos de descobrir e que nenhum cristão jamais viu. Com o favor de Cristo sereis os mais ricos espanhóis que pelas índias passaram’. Dias depois, a 29 de Setembro de 1513, Balboa entrou na água até aos joelhos e, na presença de um escrivão e de testemunhas, brandiu a sua espada e tomou posse do oceano em nome de Espanha, baptizando-o com o nome de Mar do Sul.’
(López de Gomara, in História General das Índias, publicada em 1552).
…
Sete anos depois, Fernão Magalhães, também chegaria ao Mar do Sul, como Balboa. Apenas com a diferença que para lá chegar havia descoberto uma apertada e tumultuosa passagem por mar, hoje designada por Estreito de Magalhães. Passado o tortuoso canal, em pleno oceano, achou-o tranquilo e de ventos calmos e de feição. Por isso, achou que o Mar do Sul era um Oceano Pacífico.
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Comovente a história do Mar do Sul!
É de facto de dar graças pela beleza e mistério do mar!
O Terceiro chegou hoje e banhámo-nos num mar de alegria!
beijinho
muito bonito!
eu gostava de conhecer assim o mar… talvez ele me conheça melhor a mim.
um abraço
luísa
Depois veio o Canal e Balboa, terra de administradores do dito, lá permanece olhando o Pacífico que continua a afirmar que o mar não é de ninguém, por muito que o tentem nomear.
Eu conheci outro homem que soube doutro homem…
Um abraço.
Um Pacífico nem sempre pacifico.
Gostava de o conhecer.
Beijos, boa semana.
Eu subscrevo a Justine!
Tudo o que nos contas é espantoso!
Abraço
Gosto muito dos teus posts mas as frases a concluir são sempre divinais; reportam-me ao tempo em que as histórias terminavam com: moral da história…
lindo texto! o mar será sempre eterno desconhecido por muito que se navegue… terá sempre os seus segredos, os seus mistérios…
beijinhos
Sempre perplexa me fico perante a ousadia desses homens conquistadores de terras e mares. Sabe bem ouvir as tuas histórias!
Abraço:))
Aqui sim, sempre os pontos nos is!!Um prazer grande ler estas clarificações tão diversificadas como interessantes!
Sempre de forma pacífica!
:))
Gostei de ler, já que não conhecia a história.
Um abraço
Depois das algumas tormentas
Achou-se pacífico, e de novo se baptizou
Do Mar do Sul, a Oceano Pacífico se tornou…
Um nome de mar, que nas histórias sedentas
De lendas de pasmar o céu enfeitou
E mais uma descoberta,
por aqui ficou!
O mar…para quem mereça…maresia vem enfeitar!
Será que os antigos não virão
seu achado reclamar?
(e por vezes não conhecer, mas saber quem conheça
diria quem não sabe, mas conhece quem a honra mereça)
Abraço nesse pacífico Mar e beijinho a acompanhar
O mar, esse grande desconhecido,cujos limites ninguèm conhecia, temido, pejado de monstros das lendas do mar tenebroso num texto de grande interesse. Quem por aqui passa fica sempre mais rico.
Bem-hajas!
Abraços
…o Balboa tomou posse do Oceano e chamou-lhe Mar do Sul…depois veio o Magalhães e achou o direito de lhe chamar Oceano Pafício…e com as mesmas voltas e baldrocas hoje se conquista…
E o Mar!!??…meu…teu..
Abraço
Por onde andará o registo escrito dessa tomada de posse de Balboa, para sabermos se esse capítulo da História General das Índias não passa de uma história assim um cadito repuxadita (como a tal de bíblia, ou isso)? Ah, o Pacífico…!
Um abraço ao homem que conheceu outro homem que, por sua vez, conheceu ainda um outro que conhecia o mar.
O Magalhães não voltou para contar…
Eu gabo-me de conhecer o mar e estou sempre a aprender coisas novas com ele.